sexta-feira, fevereiro 26, 2010

4º dia - 29 de janeiro de 2010

Casarão em Vedado. Arquitetura de luxo revisitada pelo socialismo.

Hoje sem dúvida acabou sendo um dos dias mais interessantes. Comecei com uma caminhada descompromissada em Vedado. Os prédios, lindos, sugeriam uma atmosfera americana anos 50. Há ruas em que nitidamente há como uma impressão de volta no tempo, com os casarões e os carros estacionados lembrando os dias antes da revolução.



Esta rua em Vedado é um exemplo dessa "volta ao passado" que a visão do bairro traz

Enquanto tirava fotos em Vedado, vi um trio composto por uma senhorinha e dois senhores. Ao me aproximar deles, a senhorinha, de cabelo pintado e toda maquiada me chamou a atenção.

Ela disse:

 "Você não devia ficar tirando fotos de casas velhas. Tire fotos das escolas. Aqui em Cuba não há analfabestismo. As crianças não andam descalças pela rua".

Eu disse:

"Também estou tirando fotos das coisas bonitas. O que vejo nas casas é um contraste na ocupação, só isso".

Ela disse:

"Não tire fotos das casas velhas"

Eu disse:

"Posso tirar uma foto sua então?

Ela disse

"Não".

Apesar da negativa, consegui tirar uma foto do grupo à distância.



Trio  de cubanos em Vedado. A senhora com quem conversei é a do meio.

E como havia prometido para a senhora, também iria tirar foto das coisas bonitas. Uma bela escola que funciona num desses casarões do bairro, por exemplo.



Escola para crianças em Vedado

Depois do "sermão" dos velhinhos, fui caminhando pelo bairro até cair numa área muita ampla, cheia de avenidas. Aqui gostei de ver a forma como os terrenos são ocupados na cidade. Todo pedaço de terra pose ser utilizado de alguma maneira. Foi o que eu percebi quando via terrenos baldios. Belas hortas eram cultivadas pelos trabalhadores.



Cultivo de verduras e legumes em terrenos de Vedado


Passei então pela imensa Praça da Revolução em que as faces estilizadas de Che e Camilo Cienfuegos como que sobrevoam no ar quando ilumidas à noite. Em frente à praça da revolução, fica o belo monumento e o memorial a José Martí.



Praça da Revolução, com os prédios do governo ao fundo e a imagem de Che


Memorial José Martí

Em Vedado fica também a necrópole da cidade, outro ponto que mostra a fartura material em que já esteja a cidade um dia. Muitos monumentos em mármore. Lá fica o túmulo daquela que hoje é chamada de Milagrosa. Trata-se de uma mulher que morreu no parto era visitada quase todos os dias pelo marido desconsolado. Este, quando ia embora, batia nos anéis de bronze do túmulo e caminhava ao contrário para não dar as costas para o túmulo. O lugar virou uma espécie de espaço para um ritual em que mães, maridos e mulheres grávidas pedem pela saúde deles e de seus filhos.



A Milagrosa

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Opera de la Calle


O grupo fo sem dúvida uma das melhores apresentações culturais (e modernas) de Cuba. Imenso, composto em sua maioria por integrantes joves, o grupo fez uma apresentação eclética, com mistura de estilos que iam desde as raízes da música cubana, passando pela Santeria (religião cubana similar ao candonblé), ópera e dança.

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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

O falso e o real (Calle Obispo - Havana)

 
         

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

3º dia - 28 de janeiro de 2010 - Havana - Passeata a José Martí


José Martí é tido como um dos maiores heróis nacionais de Cuba. Há bustos seus por toda parte, principalmente nas escolas. É também conhecido como "El Maestro".

O herói morreu em 1895 em uma batalha em Boca de Dos Rios com 42 anos. Sua morte representa um passo em direção à liberdade cubana. O poeta, jornalista e ensaista, que viveu exilado durante anos, participou de diversas conspirações contra a colonização espanhola.


Representação estudantil: discurso político e memória da revolução




Descida da passeata. União e representação de diversos grupos.


Tive a oportunidade de presenciar a passeata que é feita anualmente em homenagem ao nascimento do herói (Havana, 28 de janeiro de 1853). Há uma concentração grandiosa de estudantes na escadaria da Universidade de Havana. Concentrados, os estudantes relembram a alma do herói e proclamam glórias à revolução. Depois disse, acendem tochas e descem a avenida San Lázaro até o monumento a Antonio Maceo, outro herói cubano.



Como é possível ver nos vídeos, a passeata impressiona pela mobilização e engajamento dos estudantes. Porém, conversando com uma advogada que estudou na mesma universidade, percebe-se que nem tudo são flores. A participação na passeata está atrelada aos pontos escolares. Ao chegar ao final do percurso, os estudantes ganham o que eu entendi como um certificado de participação que está atrelado ao desempenho acadêmico de cada um. Participar da passeata, é, segundo ela, um dos muitos atos que devem ser feitos por um estudante caso ele queira ser visto como defensor do partido. Isso em outras palavras dentro da universidade significa prosperar academicamente.

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A câmera escura de Havana

Vista da torre onde fica a câmera escura

Havana tem uma das poucas câmeras escuras no mundo que reproduzem em tempo real a paisagem da cidade em 360º. O lugar por si só já é muito bonito. Lá, existe um equipamento que projeta a luz da cidade sobre uma placa oval. O mecanismo, usado já no aprimoramento das pinturas renascentistas, incrivelmente ainda impressionado, quando mostrado daquela maneira.

Tem uma boa visão da cidade e dos prédios mais importantes.


Mecânismo de captação da luz

Parte da apresentação. Vista do Capitólio
 

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segunda-feira, fevereiro 22, 2010

3º dia - 28 de janeiro de 2010 - Havana

Obra na entrada do Museu Nacional de Belas Artes de Havana

Conheci logo de manhã uma pessoa fantástica, a Ivete, advogada que trabalha como diarista na casa da Angela a fim de aumentar sua renda familiar.

Com ela, entendi um pouco melhor o modo de vida do cubano que vive paralelo à divisa. É uma vida simples e de muita criatividade. Ivete tinha muitos hobbies que fazia ou como distração ou como forma de economizar de alguma forma. Ela talhava madeira, cozinhava, pintava e costurava suas próprias roupas e de sua família. Ela dizia que costurar lhe saia muito mais barato e conseguia roupas de melhor qualidade do que as vendidas nas "tiendas" (lojas em que a mercadorias são vendidas em CUC). Seu sonho era ter uma bicicleta e aos poucos estava juntando as peças para um dia poder montá-la. Dizia que estava quase conseguindo comprar os pneus. Na vida de um cubano, sonhos com bens materiais são pequenos como esse.

Ivete

Também com ela aprendi o jeito de pegar o ônibus local pagando 0,40 centavos em moeda nacional. Ela e o Javier, o irmão do Henrique, acabaram me dando algumas moedas para que eu pudesse pegar o ônibus. Sabiam, como eu, que minha condição de turista fazia com que meu acesso à elas ficasse restrito.

Uma forma singela de agradecer os dias de conversa saborosa foi oferecer um brinquedo ao filho dela (um carrinho Hot Wheels). Levei algumas caixas de lápis de cor para as meninas e carrinhos de metal para os meninos para Cuba. Distribui todos. Se um dia for até lá, faça isso. Você ganhará muitos amigos.

Do ônibus, lotado, mas de trajeto rápido, saltei em frente ao Capitólio. O prédio mais imponente de Havana. A decoração é requintadas, lustres, pinturas e a terceira maior escultura interna do mundo (A República). O Capitólio era a antiga sede do congresso nacional e abriga também ainda hoje uma linda e alta biblioteca.


Fachado do Capitólio



Detalhe da fachada do Capitólio.


A estátua "A República" do Capitólio, com 17 m de altura e 49 toneladas



Biblioteca do Capitólio



Salón de dos Pasos Perdidos

Visitei também o Museu da Cidade, localizado no Palacio de los Capitanes Generales. O museu é um composto da história de Havana e de Cuba. Haviam salas com o mobiliário da época da colonização, salas com artistas e a sala das bandeiras usadas durante a independência da Espanha. Era possível entender a história de Cuba desde a época colonial, passando pela guerra de independência (final do século XIX), o período de intervenção americano e, é claro, a revolução, esta sempre presente.



O nada discreto charme da aristocria espanhosa

No museu, fiquei encantado com a preparação das atendentes para discorrer sobre os assuntos expostos em suas salas, particularmente a sala com alguns restos do cruzador Maine, dos Estados Unidos. A explicação da atendente sobre a maneira como o país usou da independência espanhola como forma de exercer influência sobre a ilha ficou muito clara com a presença daquelas peças e documentos.

Outro fato curioso do museu foi o fato das mesmas atendentes discretamente perguntarem se eu carregava balinhas (caramelos) comigo. A frase que escutei, depois de de distribuir alguns Mentos de canela, foi: "Precisamos de algo para adoçar a boca, já que a vida anda um pouco dura". E assim eram os museus. Tudo aparentemente organizado, mas as fissuras do sistema apareciam mesmo ali.

No mesmo museu, um casal de pavões vivos decorava o ambientes.


Museu da Cidade. Pavões como decoração.



Na parte do Museu de Belas Artes que contemplava a arte mundial, era vísivel a falta de recurso de alguns ambientes, apesar do cuidado com as peças e a manutenção do que era possível. Alguns objetos greco-romanos estamos quase às escuras, por um motivo simples: faltavam as luzinhas que iluminariam as peças.



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Alguns artistas cubanos

Amélia Peláez

Interior con columnas (1951)

Wildredo Lam

El Tercer Mundo», 1965

http://www.wifredolam.net/fr/index.html


Alfredo Sosabravo

Un hombre de éxito (1997)

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domingo, fevereiro 21, 2010

Sobre as moedas

A moeda nacional (acima) e o peso conversível (abaixo)

Para se localizar em Cuba, é importante ir já sabendo como funciona o sistema monetário por lá.

Há duas moedas que circulam no país.

O peso cubano, também chamado de moeda nacional (MN) e o peso convertível (CUC), que é quase equivalente ao dólar, um pouco mais valorizado.

O peso cubano é a moeda oficial dos cubanos. Os salários são pagos nessa moeda e a maioria dos produtos e serviços oferecidos pelo governo também são em moeda nacional.

O CUC serviria oficialmente para os turistas. Estes pagam em valores mais próximos à sua realidade por produtos e serviços que são quase sempre superiores aos oferecidos em moeda nacional.

Qual o problema? O acesso dos cubanos ao mercado de consumo em CUC. Um CUC é equivalente a 25 MN.

O salário de um cubano varia em média de 250 a 400 MN. Ou seja, de 10 a 16 CUC. Se 1 CUC = 0,89 US, você percebe o quanto o salário dos cubanos é desvalorizado, pensando em valores mundiais.

Mesmo produtos como cerveja e rum, que são produzidos no país, são produtos que são de difícil acesso ao cubano, se este não fizer algum dinheiro na divisa. Vou dar alguns exemplos:

1 cerveja (Bucano ou Cristas, as duas marcas do país) = 1 CUC ou 20 MN
Refeição em restaurante = 3 a 5 CUC
1 garrafa de rum Havana Club de 700 ml = 3 CUC
Bolacha Passatemo (Brasil) = 1,25 CUC

É verdade que serviços básicos para os cubanos eram muito baratos. Exemplos:

Ônibus - 0,20 a 1 MN
Refresco - 1 MN
Taças de sorvete Copellia - 1 a 3 MN
Pizza - 2 a 3 MN
Museus - 2 a 6 MN (turistas pagavam em CUC)

Pode parecer bom, mas o que de fato vi foram muitos cubanos tentando de alguma forma ganhar dinheiro na divisa para ter acesso também aos produtos que são vendidos em CUC. Na casa da Angela, por exemplo, trabalhava como diarista uma advogada que ganhava por dia 3 CUCs. Supondo que ela trabalhe 10 dias por mês, ela ganhará 30 CUCs, o que já é maior do que qualquer salário pago aos cubanos em MN.

Trocar dinheiro é relativamente simples, mas há filas nos bancos e nas casas de câmbio (cadecas).

Se for visitar Cuba, leve euros. Há uma multa de 10% aplicada sobre o dólar, o que faz com que o câmbio caia de 0,89 para 0,81 CUC.

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2º dia - 27 de janeiro de 2010 - Centro Havana


Centro Havana

Na confusão de ônibus e carros antigos, resolvi andar. Andar muito. Precisava me localizar em Havana.

Comecei andando por Vedado e cheguei até Centro Havana por uma avenida não muito usada por turistas (Zanja). A caminhada foi muito interessante, uma vez que fiz um caminho muitas vezes ignorado pelo circuito turístico. Entre Vedado e o Capitólio, prédio mais imponente de Havana, localizado no centro antigo, há um imenso bairro chamado Centro Havana, com quarteirões e quarteirões de sobrados altos, com muitas pessoas morando num sistema um tanto quanto precário em habitações com pouca manutenção e um aspecto de curtiço.



O Capitólio. Réplica do americano, mas dito como mais imponente e com mais detalhes internos.

Pela avenida Zanja, fui observando os pontos de comércio dos cubanos. Pequenas portinholas que davam para a rua em que se vendiam comidas e bebidas rápidas. Na volta, também fui andando e vi outros serviços na avenida São Lázaro. Açougue, farmácia e pequenas vendas. Muito diferente do que se entende como comércio aqui no Brasil. Tudo era muito sem graça, sem luz, sem vida. Eram apenas produtos necessário para continuar a caminhada. As carnes eram controladas (o cubano não tem acesso à carne de vaca, a não ser por meio de receita médica. O turista tem). Vi também um mercado agropecuário, com boa variedade de hortaliças e, no mesmo mercado, alguns outros utensílios variados, como peças, parafusos, borrachas, todos nitidamente escassos.



Venda de comidas rápidas para cubanos (pizzas, pão com presunto, refresco)

Tudo é muito peculiar. Escolas dentro de prédios antes comerciais, a rua que vira pátio dessas escolas e a economia dupla convivendo lado a lado. Na foto abaixo, as crianças praticavam educação física numa das ruas estreitas e pouco movimentadas da cidade.


Atividade físicas das crianças: competição e uso do espaço público

A arquitetura da cidade é linda e parece que felizmente está aos poucos sendo restaurada. Há forte influência espanhola e francesa nas construções, marcando o período colonial e a ascensão da importância cubana no final do século XIX.

Gran Teatro de La Habana.

Real Fábrica de Tabacos Partagás. Atrás do Capitólio.

Edifício Bacardi (1930). Exemplo de Art Déco em Havana.  

O fato é que Havana me encantou de uma tal maneira que eu não conseguia parar de andar. Passei pelo Museu da Revolução (com peças que lembram o ano de 1959 e as conquistas dos revolucionários). Ainda não estava acostumado com o funcionamento das moedas e meio incorformado com o fato de ter que pagar em dólar só porque eu era turista. As poucos fui entendendo, mas neste museu acabei vendo só o que havia exposto no lado de fora. Até porque julguei que a cidade oferecia coisas mais interessantes, como de fato fui perceber depois.



Museu da Revolução. Aviões e navios que auxiliaram no triunfo

Logo atrás do museu da Revolução, havia o Museu de Belas Artes (artistas cubanos). Neste, não abri a boca e fui logo pagando em MN. Foi o único museu em que eu consegui fazer isso. Havia algo nas roupas, ou no jeito, como me falaram depois, que faziam com que eu fosse identificado na hora como turista.

Os artistas cubanos são fantásticos. Valeria um post só sobre eles. Gostei muito do trabalho do Raul Martinez, um artistas livremente inspirado pela Pop Art que realizou telas lindas, como esta abaixo.

Isla 70. Raul Martinez.

Neste dia almocei no bairro Chino, com comiga boa e barata. Melhor custo benefício da viagem até aquele momento. O atendimento foi ótimo. A gorjeta é quase uma obrigação nesses casos.


Bairro Chino

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sexta-feira, fevereiro 19, 2010

2º dia - 27 de janeiro de 2010 - Havana

Fachada da casa da Angela e Henrique, Vedado, Havana


Parede interna da casa. Decoração com retalho de azulejos e pequenas esculturas


Família na casa da Angela: Rosario (Chaio, tia da Ângela), Henrique, Angela, Ivete (advogada que trabalhava como diarista na casa) e Javier (?, irmão do Hernique)


Sobre a casa particular


As casas particulares são um tipo de hospedagem muito comum em Cuba. São fruto do chamado período especial que se deu após a queda do muro de Berlim e a consequente escassez de recursos no país em função da queda brutal de auxílio que Cuba recebia da então União Soviética.

A escassez fez com que o governo abrisse mão de alguns princípios. Entre eles, a possibilidade de um cubano abrir um negócio próprio. Foi então permitido que abrissem dois tipos de negócio: os paladares (pequenos restaurantes) e as casas particulares. O modelo da casa particular permitia que um cubano alugasse um ou dois quartos de sua residência para turistas, seguindo os padrões de qualidade e controle exigidos pelo governo.

O período especial passou, mas as casas particulares continuam sendo uma forma que os cubanos encontram de ganhar dinheiro também na divisa (termo usado para a outra moeda que circula no país, equivalente ao dólar). Para os turistas, representa um meio econômico de estadia, além de uma experiência fantástica de conviver com os cubanos durantes os cafés da manhã e à noite.

A casa que fiquei em Havana, a casa da Angela e do Henrique (as casas recebem os nomes dos próprios moradores, numa saborosa experiência de hospitalidade) ficava a duas quadras da universidade de Havana, no limiar entre o bairro de Vedado e o bairro de Centro Habana. Digo limiar, uma vez que eram realidades um tanto quanto distintas. De um lado, uma Havana que ainda respira o glamour dos anos 50 (Vedado) e do outro, a Havana populosa, encurtiçada e de vida mais difícil.

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1º dia - 26 de janeiro de 2010


Havana Vieja à noite



Passei praticamente o dia todo no avião.

No caminho para o Panamá estavam no mesmo avião um grupo de seis médicos que estavam a caminho do Haiti a fim de ajudar os feridos pelo terremoto.

Eles ainda iam ter uma longa viagem. Desceriam na República Dominicada e de lá seguiriam de caminhão durante mais um dia de viagem até chegar ao seu destino.

Quando o avião pousou, senti um pouco o ambiente que esperavam os médicos. Eles pegaram vários travesseiros e cobertores que estavam a bordo. Um deles dizia que não sabia o que ia encontrar por lá, por isso estava se preparando.

Do Panamá, com seu Duty Free imenso, para Havana.

Na chegada, a primeira boa impressão do país. Assim que o avião pousou em terra firme, as pessoas, várias delas, bateram palmas de alegria.

Do aeroporto, peguei um transfer com dois amigos brasileiros (João e Mariana) que seguiam para um hotel do centro. Fórmula para o feito, que depois aprendi ser muito comum em Cuba se você quiser fazer algo que não é oficialmente permitido. Deixei 10 CUCs na mão do organizador dos transfer (metade do que eu iria pagar no táxi).

Desci a duas quadras da casa em que eu iria ficar. Primeira impressão de Havana: escura e não muito segura. Estava correto com relação à primeira, mas errado com relação à segunda. Havana é uma cidade segura, por mais que os seus mais de 2 milhões de habitantes, cortiços e escuridão de alguns pontos te digam o contrário.

Perguntei a direção para um cubano que estava na rua. Ele me disse que a dona da casa em que eu iria ficar não estava na casa dela. Perguntei o que eu deveria fazer então. Ele disse que eu deveria ir com ele. Preferi seguir em frente. Ele, vendo que não havia me convencido, deu o braço a torcer e me explicou onde era a casa. Isso era muito particular dos cubanos. Até tentavam te levar em um papo qualquer desse tipo para conseguir negociar alguma coisa ou conseguir alguns trocados de comissão, mas se vissem que não iria dar certo, acabavam ajudando de qualquer maneira.

Achei a casa. A dona estava lá (Angela). Entrei. Havia um quarto só para mim. Já era tarde. Tomei um banho e fui pensar no dia seguinte.

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12 dias em Cuba




As viagem são sim para nós, para uma reciclagem interior, para uma renovação de energias e também para descobrir o mundo para além do umbigo.

Mas as viagens são também para ser divididas. Durante os dias que passei em Cuba fui escrevendo um pequeno diário com as tantas impressões que ia recebendo durante os dias e as noites que passei por lá.

Queria dividir essa experiência com vocês e tentar passar um pequena parcela de tudo o que aquele país representa, nem tanto em tamanho, mas em história, cultura e resistência política.

Tamanho é o seu poder que até voltei a escrever no blog em função dessa causa.

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