quarta-feira, janeiro 31, 2007

Manequins

Manequim aposentada em Joanópolis


Quando eu era criança, bem criança, uns 6 anos, deixaram (vê se pode) eu deixar um filme de terror na televisão.
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E o filme era sobre uma casa mal-assombrada cheia de manequins onde um cara ficava preso. Claro, óbvio, escurece, chove e o cara não consegue sair. E adivinha quem resolve "sair do armário" ou melhor, dar um "rolê" pela casa? Exato. As manequins. Brancas, alvas, geladas e inanimadas manequins. E o cara lá dentro. Difícil resgatar mais detalhes da minha memória infantil, mas suficiente pra entender o que sucedeu depois, um suplício para meus pais quando saiam pra passear comigo.
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Livraria, OK. Loja de doce, super OK. Supermercado, blz. Loja de roupas.... de jeito nenhum. Tomei um medo mortal por toda e qualquer loja com manequins à vista. Tinha pavor especialmente das com perucas e olhos pintados... pavorosas. Achavam que elas também iam se mexer e me pegar com aqueles dedos asquerosos... terror para meus pais que só queriam comprar uma meia...
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Passados os anos e o trauma, ainda sinto alguma estranheza ao ver as manequins nas lojas... Acho terríveis os que não tem cabeça, mas as que as tem também me apavoram... Não gosto das manequins peruas, não gosto das manequins de outra cor, não gosto de manequins mal-humoradas... tudo bem que passam o dia todo trancadas num aquário... mas isso não é motivo para tanto mal-humor... aliás, quem, além da São Paulo Fashion Week, tem a pachorra de dizer que mal-humor vende??
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Enfim, acho que até hoje não superei o meu trauma antigo. Apesar disso, convivi com uma por anos de nome Ingrid nas duas últimas repúblicas que morei em São Paulo... um dia escrevo um post especial para ela, dona de dotes incomuns e invejáveis perante as demais...
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E lá no centro da cidade passeado vejo uma loja de tamanhos grandes. Lá dentro um casal de manequins gordinhos e sorridentes. Taí, pela primeira vez os dito cujos me agradaram. Felizes na insignificância da sua existência pacífica.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Global Blogosphere Guide


Dados e blogs do mundo todo (com exceção de nós latinos aqui, mas tudo bem...)

Global Blogosphere Guide

sábado, janeiro 27, 2007

Ponderado sistema





Ilha do Promirim - Ubatuba - SP
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O ano dos meus trinta anos finamente (???) começou. Começou com muito trabalho, muitos projetos e coisas novas que estão a caminho.
A suposta crise que toma conta de quem passa por essa idade encontra fundamento em algumas coisas que tenho pensado, apesar de não necessariamente se constituirem em uma crise para mim, apenas constatações.
A idade em si marca algumas coisas que estão ficando para trás. A velha frase "isso não é mais para mim" é cada vez mais comum entre meus amigos e até partindo da minha própria boca. Algumas coisas, porém, espero sapear ainda às vezes, apesar da leve conpiração silenciosa do discurso do sucesso e da felicidade para quem tem a minha idade. Na linha da oposição ao discurso dos anúncios de imóveis e dos carros novos, ficam os meus prediletos:
  • Viagens de mochila
  • Bom e velho som alto até altas horas, porque o corpo merece ser celebrado e vivido
  • Videoclipes da MTV (recentemente declarados em extinção pela própria emissora)
  • Botecos e cerveja barata
  • Carnaval, o bom e velho, na rua, na felicidade e na cara das pessoas
  • Andar a pé, em qualquer lugar que for possível trocar o carro por esse meio
  • O contato com a água e o sol para além dos finais de semana prolongados

Tudo isso porque hoje li uma matéria sobre a apresentadora Astrid que está indo fazer um programa no canal GNT. Ela foi VJ da MTV por quase uma década, coincidindo com a minha adolescência e a veneração por esse canal, que pedíamos para um amigo nosso gravar fitas de vídeo na casa dele, porque era o único de nós que tinha TV a cabo e acesso ao canal na nossa cidade.

Na matéria, ela criticava a opção do canal em acabar com os vídeoclipes e disse que a missão dela lá foi "cumprida e comprida"... O jornalista frisou em parênteses - o público que a assistia na época - hoje não tão jovem assim- e falou do programa novo dela. Basicamente uma Luciana Gimenes do GNT.

Ela, como tantos outras referências de nossa época, cairam no sistema descaradamente. Eu não resisto, faz parte da construção se adequar a ele, mas também não cego para o passado e os valores que me fizeram chegar até aqui.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Joanópolis




Nesse final de semana estivemos na cidade de Joanópolis, aqui perto de Campinas. Essa era uma cidade que particularmente eu tinha muita curiosidade em conhecer, devido às suas belezas naturais, mas também em função de seu título: capital nacional do Lobisomem.


O morro do Gigante Adormecido. Linda montanha que leva o nome em função do formato... Ao vivo, funciona como as nuvens... vc fica achando detalhes no meio do verde todo, como a barba, os olhos, as mãos...


Conhecemos a cachoeira dos pretos, com uma queda de 150 metros e um volume de água impressionante. Linda, apesar de todo o turismo que já chegou em volta dela...


E chegando na cidade, de fato, o tal do Lobisomem é explorado ao máximo como atração turística. Há bonecos e fantasias por vários pontos da cidade.

Entramos num casarão antigo no centro da cidade, desses com portas e janelas enormes. Era chamado de "Casa do Artesão" e lá dentro, uma série de artigos produzidos por artistas da região. Havia inclusive uma fantasia do tal do Lobisomem dentro da casa, como essa ai abaixo.


Era cerca de 6 da tarde quando entramos na loja. Perguntamos se já estava fechando e a moça disse que não. Entramos, nos divertimos com os artigos de lobisomem e miniaturas com temática de profissões (lobisomem dentista, advogado, etc...). Tiramos fotos, quase levamos a "pinga do lobisomem", que estava na parte dos fundos da casa. Na saída, surpresa! O casarão estava fechado, luzes apagadas e só uma vela de sete dias acesa. De repente, a cidade do lobisomem tinha aprontado um susto real. Trancados no casarão centenário junto com o boneco em tamanho real do lobisomem. Ótimo. Eu estava achando engraçado no começo, a Clau já logo se preocupou.

Felizmente, como em todo casarão antigo, não foi difícil sair. Bastou levantar os pinos da porta de entrada. Na saída, um problema. Como iríamos embora com a porta do lugar escancarada como estava? Foi aí que a Clau teve a idéia de procurar ajuda... sabe onde? Exato. Num lugar que o lobisomem não quer nem pensar em entrar: a igreja. Encontrou um sacristão, que, claro, riu da estória. Este acionou a dona do lugar, que logo chegou de corcel branco com o marido e um menino que parecia seu neto. Chegou rindo, pediu desculpas. O garoto, curioso, veio saber também dos detalhes.

Esperamos um souvenir de presente no final, mas só ficamos com as boas risadas mesmo. Com povo na rua ainda curioso, pegamos o carro, demos a volta e passamos em frente do lugar novamente a tempo de encontrar ainda com a dona da loja conversando com a moça que nos trancou dentro da casa. Riam do ocorrido, pareciam querer contar pra mais gente, quem sabe para aquela outra visinha que chegava com um vaso de flores de plástico que já veio saber o que tinha acontecido...

E ai fomos embora de Joanópolis. Viramos um pequeno "causo" dominical e saímos com a impressão de que sim, a cidade merece sua fama, pois em cada canto parece haver um motivo para se criar uma boa estória.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Visitas ilustres - 2007



Tar, Clau, Dna. Ana e Jaqueline (prima da Clau)

terça-feira, janeiro 16, 2007

Beba coca-cola

sábado, janeiro 13, 2007

Reveillon



A luz de um grande prazer é irremediável neon
Quando o grito do prazer açoitar o ar, reveillon


(Sina, Djavan)

Há quem diga que leva a vida sem planejar muito, esperando o que vai acontecer e mais nada. Pois digo, como sempre falo em minhas aulas sobre desenvolvimento pessoal, que o planejamento sim é importante para tudo que se quer conquistar na vida.

E o que queríamos nesse final de ano era passar bons dias ao lado de amigos estimados que estão se separando pela geografia e pelo tempo que nos divide cada vez mais. Por isso, planejamos o final de ano com mais de um mês de antecedência.

E a escolhida foi a praia de Itamambuca. Local dos surfistas, mas também do pitoresco, para aqueles que querem fugir do trânsito e do som alto das praias mais agitadas nessa época. Alugamos um casa bonitinha, mas ordinária, por ser pequena pra tanta gente que acabou indo. Apesar disso, reinou a paz e a sábia inteligência de todos para respeitar espaços e ter dias tranquilos no meio daquela paz toda.

Conhecemos a "tia do surf", que alugou a casa pra gente, e descobrimos uma mulher que por uma série de acontecimentos na vida, foi acabar na praia e vivendo dela, não por opção, mas por destino.

Reatamos amizades, fizemos outras novas, passamos dias inteiros com amigos que estão tão longe e tão perto, ajustamos o discurso, descobrimos diferenças. Tudo isso porque essa turma que está aí tem o núcleo formado ainda no colegial, quando todos éramos seres sonhadores e na essência muito parecidos, com uma bagagem cultural similar. Doze anos mais tarde, várias graduações e pós-graduações depois, nos tornamos profissionais especializados, com anseios e modos de ver diferentes. Os dias na praia nos serviram, para além das risadas, observar com cautela tais diferenças.

Perceber o novo a cada dia num amigo seu é a melhor forma de ter sempre a amizade renovada. Foi isso, além de tantas outras coisas, que tornaram essa viagem inesquecível.