quinta-feira, abril 05, 2007

Um cara vê e ouve o rádio



Definitivamente meus gostos tem mudado. Outro dia, na Hora do Brasil, procurava uma rádio que estivesse ainda pegando. Sintonizei uma "musiquinha legal". Para minha surpresa, a música seguinte também era. Nada agitado, mas estava combinando com o dia, algo dentro de mim, sei lá.


Eis que entram então os comerciais. Descubro a rádio. ALPHA FM. Horrorizado, pensei em mudar de estação. Envergonhado, pensei em colocar algo bem hard core pra tocar. Mas já era tarde e os comerciais haviam acabado. Fui fisgado pela próxima música... na Alpha!


Alpha FM, nos idos dos meus teen years e dos 20 e poucos anos, era sinônimo de gente velha. Lembrava restaurantes por quilo, elevadores, música de motel. Jovem intolerante, não considerava a mínima possibilidade de escutar tal rádio, por minutos que fossem... afinal, o que iam pensar de mim se pegassem.


O fato é que as músicas da Alpha pra mim naquela época realmente pareciam esquisitas. Lembro de um restaurante que tocava sempre Annie Lennox, "No more I love you". Aquilo era o símbolo da Alpha, motivo para altas risadas nos intervalos da faculdade.


Dez anos depois, ouço Alpha (e outras coisas boas, como a Kiss, para não perder as origens). Combina com a fase. E se você for lá no meu carro agora, vai flagrar o rádio sintonizado na maldita, em meio a músicas MP3 dos Strokes e do Franz Ferdinand.


E numa releitura da célebra frase: hay que ganhar la ternura, pero perder lo espirito libre jamas.


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