sexta-feira, julho 03, 2009

Os homens, suas carreiras e a arte




Olho para o mundo e vejo muita coisa errada. Não no sentido ecológico, social ou político. Acredito que já tenhamos sentinelas em número suficiente para comprar essa batalha.


É o consumo que me incomoda. Convivo com ele. Agradeço por fazer parte dessa tal "sociedade" ao mesmo tempo em que não lido bem com seus excessos. O que vem com ele também não vejo como uma coisa assim tão boa (carreiras, valores, razão de ser do homem).


Há tempos sem escrever por aqui, volto de forma pouco digna, já que usarei das palavras de um outro para expressar um pouco do que sinto.


Inspiração presente também em textos e posts excelentes de uma velha camarada minha.


Trecho de "Contracultura", de Theodore Roszak. Leitura inicial do doutorado. Terminei hoje. O livro é de 68/69 e impressiona pela atualidade de alguns questionamentos, a ousadia crítica e dezenas de frases bem formuladas sobre a tecnocracia, a contracultura e os movimentos dos jovens nos anos 60.


"Os homens constroem carreiras e moldam seus mundos nos papéis públicos de técnicos e especialistas. Guardam para si próprios seus gestos criativos, como prazeres privados e irrelevantes. Tais gestos constituem uma terapia pessoal; ajudam a manter-nos um pouco mais sãos e resistentes neste mundo sinistro; mas os homens não permitem que tais passatempos definam sua identidade profissional ou social. Prezamos nossas válvulas criativas, mas aprendemos a mantê-las no lugar marginal que lhes compete. Ou talvez seguimos uma carreira irrepreensível como especialistas acadêmicos na categoria oficial e aprovada das "humanidades". Desdenhamos ou jamais percebemos o fato de que aquilo que para nós constituiu problemas interessantes e distrações excitantes foram paixões escravizantes para as grandes almas que criaram as matérias-primas de nossos exercícios de bom gosto cultural". (pg. 256)


Portanto, meu amigo, é preciso fazer mais do que frequentar o cinema uma vez por semana.