domingo, maio 20, 2007

Cordéis encantados



E nesse final de semana aconteceu a primeira virada cultural nas cidades do interior de São Paulo, incluindo Campinas. Motivo para nos tirar da toca um pouco e lembrar que vivemos numa cidade diversa, complexa e multifacetada como toda cidade grande.

Os eventos de ontem deixaram a cidade mais viva, com gente pelas ruas, movimentos e cenas da madrugada. A dança da "umbigada" de uma comunidade negra da cidade de Campinas fez do caldo cultural ainda mais atraente, provocando gregos e troianos e se lambuzarem desse caldo, encaixando "umbigadas" nos parceiros de dança. Era ver para crer.

E hoje fomos ao show do Cordel do Fogo Encantado. Antes, passou pelo palco da estação cultural também o Mercado de Peixe. Excelente o show do Cordel, o do Mercado não chegamos a tempo de ver. Show que me remeteu diretamente aos tempos já longínquos da graduação, onde shows com essas bandas, juntamente com Chico Science e o Mestre Ambrósio, animavam a vida acadêmica que louvava o fora de cartaz, alternativo, regional, enérgico. Era ótimo fazer parte daquilo tudo, ser apresentado a bandas tão irreverentes em contextos onde se poderia esperar de tudo (uma festa de faculdade na USP ou nos EREAS - encontro de estudantes de arquitetura - que também participei). Elas foram, aos poucos, fazendo parte da minha vida da graduação, entrando como estranhas e depois como bem-vindo som.

O show do Cordel que nos tirou da toca lembrou a graça de ser brasileiro, percorreu as veias do corpo, remexeu partes dele já acomodadas, lembrou que a música faz parte do espírito humano e que não deve ser esquecida, mesmo depois de tantos anos longe da graduação, onde lá sim achávamos que poderíamos tudo.

Hoje sei que não posso tudo, mas que ainda posso muitas coisas. Às vezes tenho a impressão de que mal começou ainda... e as danças da virada... as viradas de corpo... o meu corpo de 20 que ressuscitou no corpo de quase 30... corpo que vive e que precisa ser lembrado de sua força e graça.