Achei que ia ser um final de semana normal. Visita à casa dos meus pais e votação. E até que foi, com exceção do detalhe do quarto.
Chegando lá, o costumeiro beijo na mãe, malas esparradas por algum canto da sala e finalmente a vistoria básica no quarto. Chego lá e pimba, cadê o quarto? Meu velho e bom quarto de dormir havia se transformado em uma sala vazia, sem nada nas paredes e com um armário vazio no meio.
Explico. A casa está em reforma. Eu sabia disso. O que eu não sabia é que o meu quarto seria "atingido" antes que eu passasse por lá. Mas foi. Todas as minhas coisas haviam sido retiradas e colocadas por algum outro canto da casa. Algumas "pérolas" já esperavam um fim pior na boca do lixo, queriam meu aval. Entre as pérolas havia um display em tamanho natural da Sula Miranda, outro do Ronald Mc Donalds (esse é mais bonito, pintado sobre um tipo de prensado, o outro é de papelão), um cone da SABESP laranja, um banner escrito "São João da Boa Vista - qualidade de vida" e alguns dos vários poster que cobriam a parede.
Olhei para tudo aquilo. Achei estranho meu quarto vazio. Achei mais estranho saber que ele não vai mais voltar a ser como era antes, com essa grande coleção de pequanas coisa que fui coletando ao longo da juventude e colocando lá em algum canto. Ainda vou jogar muitas coisas fora e talvez registre alguma coisa lá no blog de uma amiga minha que tem esse intuito.
Ao mesmo tempo, não sinto pena nem nostalgia dessas coisas que vão pro lixo. De alguma forma, é minha juventude irresponsável que também vai. Passa pela minha cara e encontra o lixo finalmente. Jogo fora algumas lembranças, mas permanece o homem em eterna construção que usou daquelas coisas como uma experiência. Excelente experiência, aliás, dos 20 e tantos anos bem vividos, divertidos como nunca.
O corpo maduro permanece, o quarto desconstruído vai em parte para o lixo. No final da reforma terei um quarto menos meu, mais adulto. Permanecem as histórias incríveis de como alguns daqueles objetos foram parar no quarto. Estava construindo uma estória e nem percebi. E agora ela vai pro lixo. E no lixo, talvez encontra a resposta de eu não ter achado nenhum outro lugar melhor para aquelas coisas senão o lixo. Pois não é no lixo que devo me apegar, mas sim em tudo que fui construindo até aqui. O que sou hoje. O que virei a ser.
Pois é, em homenagem a ele, baixei Sete Cidades pra lembrar de um tempo bom, quando via nessas letras respostas para quase tudo na minha vida.
Quando ele morreu, tinha acabado de pisar em Blumenau com dois amigos pra curtir a Oktoberfest. Lembro do jornal na minha mão. Lembro disso ter causado alguma reflexão momentânea, mas a festa por todos os lados da cidade impediu qualquer outra coisa.
Já me acostumei com a tua voz Com teu rosto e teu olhar Me partiram em dois E procuro agora o que é minha metade
Quando não estás aqui Sinto falta de mim mesmo E sinto falta do meu corpo junto ao teu
Meu coração é tão tosco e tão pobre Não sabe ainda os caminhos do mundo
Quando não estás aqui Sinto medo de mim mesmo E sinto falta do teu corpo junto ao meu
Vem depressa pra mim Que eu não sei esperar Já fizemos promessas demais E já me acostumei com a tua voz Quando estou contigo estou em paz Quando não estás aqui Meu espirito se perde, voa longe
Linda música, felizmente não é uma das mais tocadas por aí, o que dá sempre esse gosto bom de reouvir depois de um tempo.
Quando chegava a primavera, os gregos celebravam a fertilidade através da dança. Eis que no aniversário de duas deusas gregas, o vento deu passagem a seis belas ninfas que celebraram a fertilidade simbolizada pelos raios do sol.
Dizia Nietzsche: "Não acredito em um deus que não saiba dançar"
Há alguns meses atrás, fui me aventurar a pescar o almoço do dia, junto com minha namorada, sua irmã e o pai delas. Nunca fui um cara muito ligado à atividade da pesca, mas mesmo assim não deixei de me encantar pela coisa.
Na foto, o resultado parcial da nossa empreitada, relativamente fácil, já que pescávamos num pequeno poço próprio para a criação dos peixes, as tilápias. Tive imensa dificuldade com as farpas do bichos, que machucam se você não tomar cuidado. Eu entre todos era o menos experiente com a causa.
De tudo isso, ficou essa imagem, do bichos ali no baldinho ainda lutando pra sobreviver e os resultados, três horas depois, do peixe na mesa e a gente comendo.
Foi uma sensação parecida com a que tinha quando era criança e minha vó matava o frango caipira que vinha vivo da feira. Nunca esqueço daquele bicho vivo de ponta cabeça e amarrado pelas pernas, sendo levado para o quintal para o triste fim. E depois de um tempo, o bicho ali na mesa, depenado e cheiroso para o almoço.
E eu disposto a esquecer tudo que tinha visto ou ouvido antes em troca de uma bela coxa de frango.